terça-feira, 26 de maio de 2015

Nem toda a gente que nasce numa ilha é ilha, mas eu sou. Sou um ser isolado que não vive sem o mar. Não respira sem a brisa fresca. Não sobrevive sem o cheiro da terra após a chuva. Sou alguém que por mais que a terra trema e que os vulcões rebentem abana mas não sai do lugar. Alguém que tem cicatrizes provocadas pelo tempo e feridas por fechar e no entanto sabe que o tempo cura tudo. Porque ilha que é ilha não se deixa afundar, não é Atlântida perdida no fundo do mar. Assiste ao nascer e ao pôr-do-sol, à bravura das ondas e à loucura do vento, e sabe que mais tarde será a hora da acalmia. Sou só e sou ilha. Não tenho pontes que me liguem a outras paragens, nem laços que me prendam a alguém. Sou ilha errante no meio do mar e sobrevivo assim. Não faço falta a ninguém e por isso não me preocupo. Vivo como quem não fica à espera do sol, mas antes como quem se sabe iluminar pela lua e que sabe que se quiser o sol só tem de esperar pelo amanhã. E a ilha espera, e enquanto espera vai-se abraçando ao mar que tal qual Romeu apaixonado, vem sempre beijar a terra. E a terra que é Julieta enamorada é a ilha envergonhada. E a ilha sou eu. E o mar? Esse é segredo meu. E não conto a ninguém! O meu mar, o meu amor. E eu terra, e ele o mar nunca nos havemos de separar, porque terra sem mar não é ilha e toda eu sou ilha! E a ilha ama o mar! :)

Sem comentários:

Enviar um comentário