Que faço eu? Que faço eu por estes dias? Aborreço-me. Irrito-me. Rio sem saberes porquê. Choro com motivo e sem motivo. Durmo como se não houvesse amanhã. Penso em ti. E sei que pensas em mim. Tanta coisa para muitos nadas. Nadas que às vezes são tudo. Um tudo desajeitado. Um tudo aparvalhado. Aparvalhado como eu por estes dias. Princesa em sonhos, rica de nadas e pobre de tudos. Se não aparvalhar enloqueço e se enloquecer tu já não gostas de mim. E se tu já não gostas de mim que faço eu? Que faço eu quando tu já não estiveres para me roubar a placa dos dentes e para eu te bater com a bengala? Que faço eu sem ti? Deixo de viver e apenas sobrevivo. Porque sem ti a vida deixa de ter piada meu velho resmungão. E eu deixo de ter com quem me irritar. Deixo de te ter. Deixo de ser a tua velha resmungona para ser apenas mais uma velha. Uma velha solitária. Uma velha que já foi muito feliz ao teu lado e que sabe que vai continuar a ser. Porque o amor não morre nunca. Vive eternamente no coração de quem ama. E eu amo-te tanto meu velho resmungão. Amei-te a vida inteira. E quero amar-te na vida que me resta. E agora vai-me lá buscar os óculos que eu sei que foste tu que os escondeste!
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